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Somos 7.000 milhões Outubro 31, 2011

Posted by netodays in desenvolvimento sustentável.
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De acordo com uma projecção das Nações Unidas, o planeta irá superar hoje a barreira dos 7 mil milhões de habitantes. Mesmo sendo uma estimativa (baseada nos mais recentes censos e registos de população, compilados pelas Nações Unidas desde os anos 50), a mesma tem o mérito de nos permitir reflectir sobre as oportunidades e os riscos que decorrem do rápido crescimento da população mundial.

Muito mudou desde o nascimento do habitante 6 mil milhões em 1999, que se convencionou simbolicamente ser o bósnio Adnan Nevic. Desde então, o mundo foi confrontado com a maior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial, que ainda está longe de estar ultrapassada. Viu aumentar a ameaça do terrorismo e das alterações climáticas. Mas foi também testemunha do início da transição para a democracia de alguns regimes autocráticos, e da afirmação do poder económico e político de países emergentes como a China, a Rússia, a Índia e o Brasil.

A maldição Malthusiana e a Revolução Verde

O primeiro grande estudo sobre o crescimento da população foi publicado em 1798 pelo Reverendo inglês Thomas Malthus, um dos maiores economistas de sempre. Na obra “ Ensaio sobre o Princípio da População”, Malthus manifesta a sua preocupação com o crescimento populacional acelerado, num contexto de miséria da classe operária no Reino Unido. Baseado nas suas observações, defendeu que, na ausência de guerras, epidemias ou desastres naturais, a população iria crescer em progressão geométrica (ex. 2 – 4 – 8 – 16 – 32 – 64, etc.) a cada 25 anos, enquanto os meios de subsistência apenas cresceriam em progressão aritmética (ex. 2 – 4 – 6 – 8 – 10 – 12, etc.), sendo limitada pela extensão territorial. A natureza encarregar-se-ia de repor o equilíbrio, através do aumento da mortalidade decorrente de epidemias e da fome: «O poder da população é de tal forma superior ao poder da terra produzir a subsistência do Homem, que a morte prematura irá, de uma forma ou outra, visitar a raça humana». Para evitar tal destino, Malthus propunha que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para os alimentar.

Felizmente, o tempo não viria a dar razão a Malthus. Não só a população do planeta não duplicou a cada 25 anos, como a produção de alimentos conseguiu acomodar o crescimento da população, devido à inovação tecnológica e aos significativos aumentos de produtividade agrícola, em particular na 2ª metade do Século XX. A criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla original), em 1945, traduziu o desejo de aumentar a produtividade das colheitas e eliminar a fome.

A população mundial cresceu de 2,5 para 6,6 mil milhões de pessoas desde 1950, tendo a produção agrícola anual subido de 1,1 para 2,7 toneladas por hectare. No mesmo período, a área cultivada cresceu cerca de 10%, a nível mundial.

O expressivo aumento da produção agrícola resultou da introdução de novos processos de cultivo (a partir de 1943 no México e com especial incidência na década de 1960 na Índia e no Paquistão), baseados em programas de pesquisa científica (biotecnologia e genética), que levaram à crescente utilização de pesticidas, fertilizantes (à base de nitrogénio sintético), novas formas de irrigação e novas gerações de sementes. O pai da chamada “Revolução Verde”, o norte-americano de ascendência norueguesa Norman Borlaug, foi mesmo agraciado em 1970 com o Prémio Nobel da Paz, pelo seu contributo para o combate à fome a nível mundial.

Para a rápida expansão da população mundial, que tem acrescentado 1.000 milhões de novos habitantes a cada 12 a 15 anos, foram igualmente decisivos a melhoria dos cuidados de saúde e o acesso a saneamento e água potável, que permitiram aumentar a esperança média de vida global de 48 anos em 1950 até perto dos 70 anos na actualidade. Também a mortalidade infantil (crianças até 5 anos) registou um retrocesso notável, de cerca 40% no final do século XIX para menos de 7% hoje (e menos de 1% na generalidade dos países desenvolvidos).

De acordo com as estimativas das Nações Unidas, a taxa de crescimento populacional das últimas décadas não se irá manter, devido ao progressivo acesso dos países emergentes a métodos modernos de planeamento familiar, o que deverá permitir a descida da taxa de fertilidade de 5 filhos por mulher (dos 15 aos 49 anos) em 1950, para 2,5 no período 2010-2015, até ser atingida a taxa de 2,1 que é considerada como taxa de substituição natural. No gráfico seguinte, está representado o cenário central, que assume que serão atingidos 10,1 mil milhões de habitantes em 2100, bem como dois cenários extremos de baixa e alta fertilidade, que implicam valores finais de 6,2 e 15,8 mil milhões, respectivamente.

Quais os principais desafios associados ao crescimento da população?

1. Mercados Emergentes: expansão da classe média e das cidades

De acordo com as Nações Unidas, 97% do actual crescimento populacional vem dos países emergentes, os quais já representam 80% da população mundial. Os jovens têm um peso significativo nestes países, já que 31% dos habitantes têm menos de 15 anos (o que compara com apenas 18% nos países desenvolvidos).

Os salários médios dos países emergentes são ainda 7 vezes inferiores aos dos desenvolvidos, mas espera-se que a expansão da classe média nos emergentes seja exponencial. De acordo com um estudo da Goldman Sachs (1) «estamos no meio de uma explosão sem precedentes da “classe média mundial”, e o ritmo de crescimento só tenderá a intensificar-se». Até 2030, 2.000 milhões de pessoas poderão juntar-se à classe média, o que terá «implicações profundas nos hábitos de consumo, utilização de recursos e pressões políticas». O acesso à classe média, definida como a população com rendimentos anuais entre 6.000 e 30.000 dólares (em paridades de poder de compra), marca o fim de um padrão de consumo que se limita à subsistência, e o início de outro em que se torna possível a aquisição de bens como carne, telemóveis, televisores e frigoríficos, ou mesmo serviços financeiros.

Outra das maiores transformações das próximas décadas passa pela crescente urbanização. Estima-se que, até 2050, a população urbana deverá duplicar em todo o mundo, subindo o seu peso na população mundial de 50% para 70%, crescimento praticamente todo concentrado em países emergentes. Esta evolução implicará uma revolução nas suas infra-estruturas, nomeadamente nas principais redes de transportes, energia, água e comunicações.

2. Pressão sobre os recursos naturais

Terá o planeta capacidade para albergar mais 2.300 milhões de pessoas até 2050? De acordo com a FAO, a produção de alimentos terá que aumentar 70% face aos níveis actuais, mas o investimento actual em novas tecnologias agrícolas e alimentares é insuficiente para atingir tal objectivo. Entre 1950 e 2007, a produtividade agrícola cresceu 3,5 vezes, mas parece estar a estagnar.

A escassez de terrenos agrícolas cultiváveis é um dos factores de preocupação. Estima-se que existissem em 1950 cerca de 0,5 hectares de terrenos agrícolas por pessoa. Em 2010, este valor deverá ser menos de metade. Nos países emergentes, em particular, o processo de urbanização e industrialização desvia cada vez mais terrenos para a construção de cidades.

Por outro lado, 2.000 milhões de pessoas vivem em áreas com escassez de água potável, sendo a sua disponibilidade cada vez mais limitada a nível mundial. Espera-se um aumento do consumo de 50% até 2025 nos países emergentes, ano em que mais de metade dos países do mundo deverão ter falhas pontuais de água potável.

Também as condições climatéricas extremas tenderão a condicionar cada vez mais as colheitas agrícolas. Estima-se que o aquecimento global possa reduzir a produção agrícola em cerca de 15% até 2020.

3. Envelhecimento dos países desenvolvidos

Na medida que a esperança média de vida tem vindo a aumentar e o nível de natalidade a diminuir, em particular nos países desenvolvidos, a tendência para o envelhecimento da população parece irreversível. Estima-se que a população com idades superiores a 65 anos possa duplicar até 2060.

Já actualmente, mais de 80 países (cerca de 42% da população mundial) têm um nível de natalidade inferior à taxa de substituição natural (2,1 filhos por mulher). A tendência é mais marcada na Europa e no Japão, que poderão perder metade da sua população até 2100.

O caso português é particularmente gritante, já que temos a 2ª taxa de fertilidade mais baixa do mundo (1,3 filhos) estimada para o período 2010-2015, a par da Áustria e Malta, e apenas atrás da Bósnia-Herzegovina (1,1 filhos).

No cenário “médio” das Nações Unidas, a população portuguesa deverá começar a decrescer em 2014, perdendo cerca de 4 milhões de habitantes até 2100. No pior cenário, o ano de pico será já 2011, podendo perder 7 milhões de habitantes até 2100.

Desde logo, esta evolução tem repercussões sobre a procura de medicamentos e cuidados de saúde: estima-se que as pessoas com mais de 65 anos consomem em média 4 vezes mais medicamentos do que as mais novas.

Dado que uma pessoa com 65 anos pode hoje em dia esperar viver mais 19 anos, em média, aumentarão igualmente as oportunidades para empresas relacionadas com geriatria e turismo sénior, mas também as pressões financeiras para os sistemas de segurança social: em 2000, existiam 4 pessoas na vida activa por cada reformado com mais de 65 anos, nos países desenvolvidos. Em 2020, serão 2,7 pessoas activas por cada reformado.

A confirmarem-se estas previsões, poderá estar em causa o próprio modelo de vida ocidental.

Em conclusão…

Desde que Malthus apresentou a sua visão catastrofista em 1798, o mundo superou por 7 vezes a barreira de 1.000 milhões de novos habitantes, 5 das quais após a Segunda Guerra Mundial, num período em que novas descobertas científicas nas áreas de produtividade agrícola e cuidados de saúde permitiram ultrapassar a “maldição” do Reverendo inglês.

Estima-se que a capacidade de produção agro-pecuária actual permita alimentar cerca de 9 mil milhões de pessoas. O facto de uma parte significativa da população mundial, em particular na África subsariana, ainda ser castigada com fome e falta de acesso a cuidados básicos de saúde, resulta sobretudo de problemas políticos e de uma deficiente distribuição da riqueza mundial.

Ainda assim, as Nações Unidas têm aproveitado o dia em que se assinala a chegada do habitante 7 mil milhões para chamar a atenção para os riscos do excesso de população, apelando ao reforço do investimento na saúde e educação dos cerca de 215 milhões de mulheres que ainda não têm acesso a métodos modernos de contracepção, apesar de o desejarem.

Não pondo em causa o princípio de que um crescimento sustentável da população permite diminuir a pressão sobre os recursos naturais do planeta, melhorando a qualidade global de vida, convém ter presente que a tendência de decréscimo da fertilidade pode ser difícil de inverter, como têm concluído diversos países desenvolvidos.

Como começar uma investigação? Outubro 30, 2011

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Para começar a investigação (fase de ruptuta), o investigador selecciona e define o problema e os objectivos da pesquisa. Sem fazer boas perguntas nunca se poderão encontrar boas respostas.

FAZER UMA PERGUNTA – O processo científico de investigação tem como objectivo encontrar uma resposta satisfatória para determinado problema ou questão inicial.

Posteriormente, revê-se a bibliografia em simultâneo com o desenvolvimento da investigação exploratória.

FAZER PESQUISA DE FUNDO – Inclui ler tudo o que foi escrito sobre o assunto (revisão bibliográfica) e ir observando e pensando na realidade que se deseja explicar (investigação exploratória). Deste esforço poderão surgir as primeiras sugestões de hipóteses a testar.

Professores vão aprender a trabalhar com Linux? Outubro 29, 2011

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Em resultado da crise financeira e orçamental o Governo não quer pagar mais licenças à MicroSoft nas escolas.

  • O Ministério da Educação e Ciência (MEC) avisou esta semana as direcções das escolas de todo o país que não vai pagar a renovação de licenças de utilização de software da Microsoft dos perto de 50 mil computadores distribuídos entre 2004 e 2007, pelo que aquelas deverão mudar para um sistema de utilização livre, tipo Linux.
    PÚBLICO, 29.10.2011

O Governo sugere que os estabelecimentos desinstalem os produtos Microsoft, substituindo-os pelo sistema Linux Caixa Mágica ou outro que lhe seja equivalente. O problema é que toda a gente conhece o Windows, mas ninguém se aventura no Linux apesar de a tecnologia lá estar até instalada em muitos PC’s.

Numa comunidade de professores inovadores já chegou o grito de aflição:

  • 1. Quem vai executar essa mudança? OU seja, quem tem tempo e conhecimento suficientes nas escolas para levar a cabo tais (des)instalações?
    2. Que formação será dada aos Professores sobre a utilização do Linux?
    3. Quem fará a manutenção e adaptação de drivers/controladores, quando houver necessidade de instalar certos softwares nessas máquinas?

    Importante: esta orientação só se aplica aos PCs das salas TIC comprados em 2004/2005 e aos portáteis comprados para os professores em 2006 – não se aplica a mais nenhumas máquinas!
    O Ministério não está a mandar desinstalar, está a informar que não tem dinheiro centralmente para renovar o licenciamento destas máquinas e a sugerir a desinstalação caso a escola não tenha forma de manter esse licenciamento – cada escola pode renovar o licenciamento do software destas máquinas sem qualquer problema.
    Não existe qualquer orientação no sentido de adopção preferencial ou exclusiva de software livre – o que existe é uma lei por regulamentar no sentido da adopção de normas abertas (que o software Microsoft suporta em pleno, nomeadamente o Office 2010 que permite escolher entre ODF e OpenXML) e o Ministério da Educação tem seguido sempre o princípio da liberdade de escolha, fornecendo computadores em dual-boot.
    INTERATIC

No “Importante” fiz um destaque a negrito para levantar a questão:

Irão os professores pagar do seu bolso as licenças da Microsoft? Isso seria mais uma redução do vencimento, mas precisam de se divertir com o Windows.

Felizmente também há quem defenda que toda a administração pública deveria utilizar apenas software livre, como decidiram fazer os Russos.

Inove pelos seus estudantes! Outubro 29, 2011

Posted by netodays in ARE11, educação aberta.
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Este é o apelo de David Wiley, apologista da Educação Aberta. Do seu vídeo tirei algumas notas para um convite ao visionamento do mesmo.

Parábola do pólo: Uma escola tinha uma excelente equipa pólo aquático. Reconhecendo as suas capacidades e empenhamento convidaram a equipa a aplicar a mesma estratégia na nova modalidade de pólo equestre.
Moral da estória: Não podemos fazer com os recursos digitais o mesmo que fazíamos numa aula tradicional.

Seis Mudanças da Sociedade na Actualidade
1. Do Analógico para o Digital
2. Do Cabo para Móvel
3. Do Isolado para Conectado
4. Do Genérico para Personalizado
5. Do Consumo para a Criação
6. Do Fechado para o Aberto

Infelizmente a Escola não acompanha o dia-a-dia.

CONEXÃO – Não podemos ligar-nos a alguma coisa se não temos acesso a ela.
PERSONALIZAÇÃO – Não é boa ideia pensarmos em modificar conteúdos sobre os quais não temos direitos.

Razões para frequentar a Escola/Universidade:
1. Conteúdo
2. Serviços de apoio
3. Vida social
4. Diplomas

O conteúdo está na Internet. Já não se justifica a caminhada por eles. Exemplos: OpenCourseWares, Wikipedia, Public Library of Science, Arxiv.org, Google Scholar, Flat World Knowledge, etc.

Serviços de apoio também já estão na Internet. Exemplos: ChaCha, Yahoo! Answers, RateMyProfessor, Email, IM’s, Twitter, etc.

Vida social idem. Exemplos: Facebook, MySpace, Telemóveis indicando a localização, etc.

Diplomas: Certificados MicroSoft, Google ou Cisco podem ter valor superior em determinadas áreas. No Francês/ Inglês as referências são os níveis da Academia Francesa/ Instituto Britânico. Em Português…

O Monopólio da Educação terminou. Tudo está a ser oferecido por alguém.

Manualficação da TV – Porquê ficar a ver um programa de TV das 20:00 às 21:00? Está no YouTube!

Manualficação dos Cursos – Porque não ficam os recursos disponíveis na Internet?

O YouTube é o responsável pela produção de tantos vídeos. As câmaras já existiam muito antes, mas não havia uma forma prática de os partilhar.

Os cursos do MIT e de muitas Universidades estão online, mas como os conteúdos não aparecem no Google é como se não existissem.

Os recursos OER não estão aqui ou ali, estão online.

O que a Escola tem para oferecer é a integração.
Qual o valor da integração? Utilizar as peças especializadas conjuntamente.

Ser mais aberto não é um problema tecnológico. É um problema político: a educação está a comportar-se como as indústrias da música e do cinema, defendendo a tradição em vez de incentivar a inovação.

você pode envolver-se numa política reformista. A escola é você!

Inove pelos seus estudantes!

Como caracterizar um estudo de caso em investigação? Outubro 29, 2011

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Quando o investigador estuda um grupo pequeno, que lhe é familiar, do qual naturalmente não poderá extrair generalizações, está fazer a realizar um estudo de caso.

  • “É uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse”. (Ponte, 2006:2)

    “O estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos factores. Yin (1994) afirma que esta abordagem se adapta à investigação em educação, quando o investigador é confrontado com situações complexas, de tal forma que dificulta a identificação das variáveis consideradas importantes, quando o investigador procura respostas para o “como?” e o “porquê?”, quando o investigador procura encontrar interacções entre factores relevantes próprios dessa entidade, quando o objectivo é descrever ou analisar o fenómeno, a que se acede directamente, de uma forma profunda e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica do fenómeno, do programa ou do processo.
    Assim, Yin (1994:13) define “estudo de caso” com base nas características do fenómeno em estudo e com base num conjunto de características associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos.”
    Continuar a ler?

Quais os paradigmas em que se pode inserir a investigação educacional? Outubro 29, 2011

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1 Paradigma Positivista
2 Paradigma Interpretativo
3 Paradigma Crítico

Quando os dados observados são numerosos, entra-se geralmente no reino da estatística, e o paradigma positivista é dominante. No positivismo a referência é Durkheim, para quem os factos sociais são coisas, isto é, são fenómenos em si mesmos, desligados dos sujeitos conscientes que deles têm apenas representações. O objectivo da investigação é encontrar regularidades entre as diversas estruturas. Exemplo: estudando os rankings de escolas pode descobrir-se que as classificações de exame são mais elevadas nos concelhos com maior poder de compra.

Na sua obsessão para adquirirem o estatuto de “ciência” os primeiros sociólogos transpuseram das ciências experimentais para as ciências sociais a sua metodologia, permanecendo ainda hoje na estrutura do pensamento como referência da objectividade, da neutralidade científica e do pensamento racional.

As ciências sociais têm limitações(*) específicas relativamente às ciências experimentais, e portanto deverão desenvolver a sua própria metodologia. O paradigma interpretativo tem como objectivo a compreensão e descrição das condutas dos sujeitos, partindo de um sistema de significados criado e sustentado pela própria teoria. Aqui a referência é Weber, que explicitou a acção social como um comportamento humano (quer consista num fazer externo ou interno, quer num omitir ou permitir), sempre que os agentes lhe associem um sentido subjectivo. Mas deve chamar-se acção “social” aquela em que o sentido intentado pelo agente ou pelos agentes está referido ao comportamento de outros e por ele se orienta no seu decurso. Por exemplo, se um estudante se trancar no seu quarto a estudar ou for gozar o tempo livre apanhando Sol sozinho isso não é acção social porque a acção não está a ser orientada em função dos outros. Porém, quando manifesta que estudou ou não perante a turma, essa acção já tem uma intenção social, sendo susceptível de ser interpretada em função dos valores sociais.

Os indivíduos, como seres sociais que criam significados e dão sentido ao seu mundo, apresentam justificações para as suas acções em diferentes situações, que poderão ser estudadas reunindo as justificações análogas, e procurando descobrir as suas lógicas. Podemos ter o preconceito de que esta análise não será tão objectiva quanto o tratamento de indicadores estatísticos, mas não há outra forma de captar a complexidade e diversidade das condutas humanas. Por exemplo, o mesmo aluno que argumenta que todos devem fazer os mesmos testes invocando a igualdade, também poderá requerer um teste especial para si invocando a humanidade, se faltou ou tiver classificação baixa, ou poderá simplesmente dizer que quem manda é o professor, invocando a autoridade hierárquica, se imaginar que com essa decisão obtêm uma classificação melhor com menos trabalho. Esta riqueza de justificações poderá ser estudada adoptando a sociologia pragmática, que constitui a grande inovação teórica da área. A solução para saber o que os alunos pensam dos testes – ou desenvolver qualquer outro tema – passa por escutar as justificações apresentadas pelos interessados em diversas situações de disputa e reunir as observações semelhantes, construindo uma grelha de análise com os regimes de justificação relevantes para a compreensão e interpretação do tema.

O paradigma crítico é frequentemente referido como investigação-acção. O conhecimento da situação alia-se à transformação da mesma a partir dos resultados da pesquisa. Nesta perspectiva, critica-se o conhecimento meramente contemplativo que separa os-que-sabem-mas-não-fazem dos que fazem-mas-não-sabem. Exemplo: para apresentar técnicas pedagógicas com sucesso na Matemática exige-se que o investigador as teste numa ou várias turmas.


(1) – Em ciências sociais não podemos colocar os seres humanos num laboratório e experimentar efectivamente, portanto as nossas experimentações traduzem-se apenas na recolha de novos dados empíricos. Além disso, a neutralidade do investigador é mais difícil de conseguir nas ciências sociais, porque facilmente participa no problema investigado.

Como redigir um relatório de uma investigação científica? Outubro 28, 2011

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Vamos admitir que já definiu claramente o tema do seu trabalho, fez uma cuidada pesquisa bibliográfica e webgráfica, procedeu às leituras necessárias, tendo criado as respectivas fichas, recolheu a informação estatística útil e procedeu ao seu tratamento estatístico e representação gráfica e cartográfica.

Vamos ainda considerar que o estudante já tem respostas muito claras para o problema inicialmente formulado, base do trabalho de investigação.

A única coisa que falta é passar a escrito todos esses conhecimentos, sistematizar as diversas informações, tornar esse texto legível, agradavelmente legível, por outrem.
Porque o texto é um processo de comunicação, aquando da sua elaboração, deve estar atento às probabilidades de distorção daquela. A estrutura do texto deve ter em conta a natureza do tema, o seu nível de complexidade, a extensão previsível do trabalho, o público a quem se dirige e, obviamente, ao grau de conhecimentos do relator.

Ter em conta o público a quem se dirige não significa nem abdicar das suas próprias ideias para dizer o que os outros estão à espera, nem diminuir o grau de cientificidade do trabalho. Significa encontrar a forma mais agradável e convincente de apresentar os resultados do seu trabalho, sabendo despertar a atenção alheia.

Para um estudante, o público é normalmente o professor. Tal exige a utilização de uma linguagem mais precisa e adaptada à conceptualização da Economia/Sociologia, uma apresentação cuidada, a preocupação de ressaltar o que existe de diferente no seu trabalho, a possibilidade de utilizar a lógica e a matemática como formas de linguagem adicionais.

Seria um erro o estudante abdicar das conclusões do seu trabalho ou de partes importantes da sua pesquisa para colocar no relatório o que o professor disse ou ele suspeita que o professor gostaria de ler.

Quando se faz um trabalho de investigação percorre-se um determinado caminho. Começa-se com certos conceitos que são mais operacionais e termina-se noutros, eventualmente aqueles que eram objecto das questões problemáticas, que constituem o cerne das pesquisas.

À medida que se investiga vai-se percebendo qual é o significado exacto de cada um dos conceitos, como se articula com os restantes, qual a sua importância relativa para a resposta que procura. Nos casos extremos, alguns dos conceitos serão indispensáveis para a compreensão do problema enquanto outros serão abandonados por se mostrarem totalmente irrelevantes.

Raramente a sequência com que se utilizaram os conceitos corresponde à sua importância relativa.

A lógica que preside à sua apresentação no relatório também conduz a uma ordenação diferente da referida sequência.

Dum ponto de vista conceptual parece inequívoca a conveniência de utilizar a sequência de exposição: do geral para o particular, do essencial para o secundário, do central para o desprezível. É a consagração do método dedutivo na elaboração do relatório e o reconhecimento do primado da teoria.

Alguns textos podem ter de seguir exclusivamente a sequência de investigação: uma exposição sobre o trabalho realizado é um exemplo típico. Mas o que sucede frequentemente é utilizar-se uma combinação das duas sequências. Se tal permitir conjugar as vantagens de ambas, será uma solução interessante. Se apenas adicionar as suas desvantagens, é melhor mudar de rumo.

Nos trabalhos escolares ambos os métodos têm vantagens e desvantagens. A sequência de exposição é mais difícil, revela uma aprendizagem mais profunda e acabada do problema, exige uma investigação mais completa. A sequência de investigação explícita o trabalho realizado e é de mais fácil compreensão. A “melhor” sequência será a que tornar a apresentação do relatório mais interessante.

Podemos considerar três fases na elaboração de um relatório:
1. Elaboração do esquema
2. Redacção
3. Revisão do texto

Antes de começar a escrever deve-se, sempre, utilizar algum tempo a fazer um esquema do que vamos redigir, isto é, especificar os assuntos a abordar e os subtítulos a que vão dar lugar, a sequência em que vão aparecer, a importância relativa de cada um e a correspondente hierarquia.

Elaborado o esquema, está em condições de começar a redigir o relatório, entendendo por tal um texto coerente, conceptual e formalmente, que constitua no seu todo a apresentação da resposta a algumas questões previamente formuladas.

Por coerência conceptual pretendemos referir que os conceitos de Economia/Sociologia devem estar correctamente apresentados, terem um significado unívoco, e integrarem-se na linguagem científica da correspondente área do saber. Pretendemos ainda chamar a atenção para a articulação entre conceitos e a necessidade de uns serem concordantes com os outros.
Por coerência formal designamos a correcção de aplicação dos princípios lógicos e o cumprimento das regras gramaticais.

Poderão muitas partes do relatório terem sido previamente redigidas (fichas bibliográficas, fichas por assuntos, apontamentos, etc.) mas agora é necessário unificar todas essas partes, articular os diversos aspectos. Um relatório é mais, muito mais, que a soma das partes. É um todo homogéneo.

Quase todos os relatórios são constituídos por três partes:
1. Introdução
2. Desenvolvimento
3. Conclusão

Na introdução colocam-se as questões problemáticas que deram lugar ao trabalho de investigação (não há este sem aquelas), justifica-se o tema do trabalho, encaminha-se o leitor para uma determinada sequência na apresentação da resposta, aviva-se a curiosidade daquele para a leitura, chama-se a atenção para algumas hipóteses de conclusão.

No desenvolvimento explanam-se os conceitos de forma a justificar as conclusões obtidas. Pretende-se levar o leitor a aceitar a pertinência das questões problemáticas, o percurso de investigação realizado e os resultados obtidos.

Na conclusão sistematiza-se a resposta encontrada, chama-se a atenção para alguns desenvolvimentos conceptuais e de acção social possíveis de retirar dela, alertam-se futuros investigadores para a necessidade de explorar determinados aspectos. Apontam-se as lacunas que o trabalho tem e avançam-se pistas para a sua superação.

A sequência de redacção não corresponde inteiramente à ordem anteriormente apresentada:
1. Redige-se uma introdução provisória que ajuda a clarificar ideias e a explicitar em texto as questões problemáticas e uma primeira justificação da sua escolha;
2. Escrevem-se os diferentes blocos constitutivos do desenvolvimento;
3. Elaboram-se as conclusões;
4. Dá-se a redacção definitiva à introdução.

A introdução é a primeira e a última parte a ser escrita.

O desenvolvimento é uma parte do relatório mais ou menos longa (podendo decompor-se em capítulos, secções, pontos,… e ocupar muitas páginas) com uma estrutura interna bastante complexa. O esquema do trabalho visa essencialmente decompor esta parte do texto.

Na redacção do desenvolvimento deve seguir-se uma sequência que tenha a ver com o interesse dos subpontos e/ou grau de dificuldade. Este deve ser o elemento norteador: se já se tem materiais para redigir definitivamente uns pontos, e não outros, comece por redigir aqueles; se algumas matérias são mais trabalhosas e a sua elaboração não dificulta a redacção das restantes partes, guarde para o fim; se num determinado dia está com mais reduzida capacidade de concentração ou habilidade de escrita não deixe de cumprir calendário de redacção e agarre alguns pontos mais simples.

Este saltitar de uns subpontos para outros pode trazer algumas repetições de assuntos, alguns pequenos desajustamentos de conteúdo. Exige que as notas internas (chamadas de atenção para um outro ponto do trabalho) tenham de ter alguns ajustamentos. O mesmo se poderá dizer em relação às referências bibliográficas, que deverão seguir regras uniformes. Contudo, estes problemas também surgiriam se a escrita dos diversos pontos fosse seguida.

É para resolver muitos destes problemas que existe a revisão. Faz-se em duas fases:
1. Revisão do conteúdo
2. Revisão da forma

Antes da última revisão deve entregar o trabalho a outras pessoas e recolher opiniões. Este é um procedimento que está facilitado quando se estuda em grupo, sendo já habitual a troca de opiniões e críticas entre colegas.

Pedir para alguém dar a sua opinião sobre o trabalho não é uma forma de troca de cumprimentos: quem lê diz “está bem!” e quem escreveu fica vaidoso e tranquilo. Trocar opiniões é debater ideias, com a humildade de que ninguém, e muito menos um estudante a dar os primeiros passos na Economia/Sociologia, é possuidor da verdade, e que a troca de opiniões e a crítica, são uma forma de reduzir a subjectividade das análises e captar o núcleo duro da temática.

Na revisão de conteúdo é preciso verificar:
– se a problemática estudada está claramente explicitada;
– se as hipóteses de partida estão expressas (é muito frequente encobri-las, mas é um procedimento errado, sobretudo num processo de aprendizagem);
– se as conclusões surgem explícitas e estão logicamente expostas;
– se há coerência entre as diversas partes do trabalho;
– se todos os conceitos são deduções lógicas ou induções aceitáveis a partir dos dados utilizados;
– se a sequência das matérias está correcta.

Quanto à forma o mais importante é que utilize um estilo de redacção que seja pouco inovador e, sobretudo, que respeite as regras estabelecidas na gramática portuguesa. Poderá ter o seu futuro traçado como grande escritor, mas tenha a modéstia de reconhecer que apenas está a fazer um trabalho de Economia/Sociologia e que se trata de um texto científico. Cada ciência tem a sua metalinguagem, os seus modelos de referência. Terá futuramente muitas oportunidades para exercitar o seu estilo, libertando o Eça ou o Saramago que vivem em si.

Como estruturar um Relatório Técnico? – Guia de Apoio à Publicação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.


Adaptado de: PIMENTA, Carlos, SATURINO, Maria Teresa, (1993), Introdução à Economia, Pensar a Economia – 10º Ano, Porto Editora.

Representação social da educação aberta Outubro 26, 2011

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Aberto significa Generoso

Onde não há partilha não há Educação

Educação é uma relação de partilha

Educadores bem sucedidos partilham mais profundamente com a maioria dos estudantes

O meio digital é muito diferente do mundo do papel. Se dermos um livro ficamos sem ele, mas indicando um endereço da Web, este pode ser consultado por milhares de pessoas ao mesmo tempo. É avanço indescritível, a primeira vez que sucede na história da humanidade.

Podemos partilhar como nunca

Podemos educar como nunca

Em relação à imprensa, a Internet tem a vantagem de disponibilizar os conteúdos imediatamente e quase gratuitamente

Alguém pode ser professor exigindo direitos de copyright sobre as notas das suas lições?

Quanto mais abertos estamos, melhor será a educação

Esta generosidade quebra os padrões sociais pelos quais a maior parte das vezes a sociedade o ensino se regulam. Há efectivamente uma tendência para o egoísmo. Quer os educadores, quer os estudantes apropriam-se da informação que transmitem e apreendem, respectivamente, e encerram-na numa espécie de masmorra, que poderá ser até os próprios confins da memória. Têm esperança que da comparação quantificada das suas memórias-depósitos com as dos colegas resulte uma classificação pessoal mais favorável.

O generoso deixa os recursos em rede, mas contando com outros que farão o mesmo simultaneamente, a rede acrescenta-lhe muitos outros recursos, e quanto mais extensa e com mais utilizadores vai sendo a Internet, à medida que se multiplicam os seus nós, a sua estratégia de partilha do conhecimento vai adquirindo novas razões para se justificar.

O vídeo abaixo ilustra a educação fechada.

1. Explicite por que razão os sociólogos denominam representações sociais, as ideias em confronto neste post: “educação aberta” e “educação fechada”.

2. Verifique que a identificação com diferentes representações da educação conduz os agentes a proporem diferentes metodologias para as práticas de ensino. Ilustre a sua resposta com exemplos.

3. Identifique obstáculos ao desenvolvimento de práticas educacionais abertas.

4. Como justificar a generosidade na educação, se noutros domínios da nossa vida funciona um paradigma predominantemente egoísta?

More Open We Are – The better education will be Outubro 26, 2011

Posted by netodays in ARE11, educação aberta.
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Aberto significa Generoso

Onde não há partilha não há Educação

Educação é uma relação de partilha

Educadores bem sucedidos partilham mais profundamente com a maioria dos estudantes

O meio digital é muito diferente do mundo do papel. Se dermos um livro ficamos sem ele, mas indicando um endereço da Web, este pode ser consultado por milhares de pessoas ao mesmo tempo. É avanço indescritível, a primeira vez que sucede na história da humanidade.

Podemos partilhar como nunca

Podemos educar como nunca

Em relação à imprensa, a Internet tem a vantagem de disponibilizar os conteúdos imediatamente e quase gratuitamente

Alguém pode ser professor exigindo direitos de copyright sobre as notas das suas lições?

Quanto mais abertos estamos, melhor será a educação

Pensão duplica para os políticos quando completam 60 anos Outubro 25, 2011

Posted by netodays in Passos Coelho.
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Que legitimidade tem o Governo para impor cortes salariais e aumentos de impostos generalizados, com a desculpa do défice, se depois vem premiar com um aumento de 100% aqueles que já estão tão bem na vida?

Estranho ainda, é o “bom comportamento” da imprensa, pois só o Correio da Manhã é que tem coragem para referir esta tanga.