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Das Representações Sociais aos Regimes de Justificação Novembro 2, 2011

Posted by netodays in acção social, Durkheim, factos sociais, Justificação, positivismo, representações, sociologia compreensiva, Weber.
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Aqui se recorda o papel das representações sociais como matéria-prima da Sociologia para que os estudantes tenham presente que conversação vulgar não é Sociologia, mas que cabe a esta desvendar as lógicas de argumentação explícitas nas justificações apresentadas.

O esquema sintetiza o objecto da Sociologia, as tarefas do sociólogo e o paradigma da Sociologia, conjuntamente com o número de casos analisados, as técnicas de recolha de dados, os métodos de investigação e os seus objectivos.

Apresentam-se ainda em síntese os regimes de justificação.

1. Verifique que o método dedutivo e método indutivo poderão ser considerados complementares.

2. Relacione o paradigma da Sociologia e as tarefas do sociólogo com o número de casos analisados.

Objecto da Sociologia Setembro 23, 2011

Posted by netodays in acção social, Durkheim, factos sociais, objectivo, Objecto, positivismo, regularidades sociais, singularidades, sociologia compreensiva, tipo ideal, Weber.
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O objecto da Sociologia confunde-se com o objecto do Programa da Disciplina apresentado no vídeo abaixo como conteúdo de um manual escolar.

Em Sociologia distinguem-se duas perspectivas: 1) o positivismo levado ao extremo por Durkheim quando tomando os factos sociais como coisas, julgou que as estruturas sociais eram tão poderosas que controlavam as acções dos indivíduos e podiam ser estudadas objectivamente, como nas ciências naturais; 2) a sociologia compreensiva ou interpretativa de Weber, que resulta do seu esforço para entender como as pessoas se comportavam e de que maneira o seu comportamento influenciava a sociedade e a estrutura social. Do seu ponto de vista só compreendendo as intenções, as ideias, os valores, as convicções que motivam as pessoas se pode, realmente, saber alguma coisa.

Todos os indivíduos bebem, dormem, comem, raciocinam, e a sociedade tem interesse em que essas funções se exerçam regularmente. Ora, se estes factos fossem sociais, a Sociologia não teria um objecto que lhe fosse próprio e o seu domínio confundir-se-ia com os da biologia e da psicologia (Durkheim).

Os factos sociais são o objecto de estudo da Sociologia, segundo Émile Durkheim. O autor indica que os factos sociais apresentam características muito especiais: “consistem em maneiras de agir, de pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se lhe impõem”. A coerção pode ser formal ou informal, consoante as sanções se encontrem ou não protegidas por regulamentos.

A pessoa que cumpre de bom grado e com satisfação as suas obrigações sociais não sente o peso da coerção sobre o seu comportamento. Uma pessoa que gosta da sua profissão, por exemplo, geralmente cumpre os seus deveres com prazer, sem a necessidade de imposições. Mas a coerção nunca deixa de existir. Está sempre à espreita.

Os factos sociais não são fixos. As maneiras como as sociedades resolvem os problemas evoluem, mais rapidamente ou mais lentamente. É sabido que observando sociedades que encontrem em diferentes espaços geográficos, depararemos com diferentes culturas, que resolverão os problemas de modo diverso, isto é, os factos sociais são relativos.

O objectivo de Durkheim consistia em estabelecer uma relação objectivável entre os factos, tratados como coisas, no intuito de descobrir regularidades sociais.

Para Max Weber a “Sociologia designará: uma ciência que pretende compreender, interpretando-a, a acção social, e deste modo, explicá-la casualmente no seu decurso e nos seus efeitos. Por “acção” deve entender-se um comportamento humano (quer consista num fazer externo ou interno, quer num omitir ou permitir), sempre que os agentes lhe associem um sentido subjectivo. Mas deve chamar-se acção “social” aquela em que o sentido intentado pelo agente ou pelos agentes está referido ao comportamento de outros e por ele se orienta no seu decurso”.

“A acção social (inclusive a omissão ou tolerância) pode orientar-se pelo comportamento passado, presente ou esperado como futuro dos outros (vingança por ataques prévios, defesa do ataque presente, regras de defesa contra ataques futuros). Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou indeterminadamente muitos e de todo desconhecidos (o “dinheiro”, por exemplo, significa que um bem de troca que o agente admite no tráfico porque orienta a sua acção pela expectativa de que muitos outros, mas desconhecidos e indeterminados, estarão também, por seu turno, dispostos a aceitá-lo numa troca futura)”.

O desenvolvimento do conceito de tipo ideal conduz Weber a obter as respostas do em termos de comportamentos médios (o consumidor tipo ideal será aquele que consome um cabaz de compras representativo da população, com os padrões de consumo “médios”). A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade – como o consumidor médio -, mas servir de modelo para a análise de casos concretos, realmente existentes. No entanto, somente regularidades estatísticas que correspondem ao sentido intentado compreensível de uma acção social são tipos de acção susceptíveis de compreensão. Assim, concentrando-se na interpretação do sentido da acção social dos indivíduos, uma vez que o seu sentido intentado das acções determina os valores esperados em termos comportamentais, adquire agora interesse o estudo dos desvios observados, isto é, das singularidades.

1. Verifique que a atribuição de maior interesse às regularidades sociais ou às singularidades depende da perspectiva de análise.

2. Identifique o objecto de estudo da Sociologia.

3. Caracterize os factos sociais.

4. “Nem toda a classe de acção é acção social. O comportamento intimo só é acção social quando se orienta pelo comportamento dos outros. Também não o é, por exemplo, a conduta religiosa quando permanece contemplação, oração solitária, etc. A actividade económica (de um indivíduo) só o é na medida em que toma em consideração o comportamento de terceiros”.
Comente estes exemplos de Max Weber.

5. Que papel nos cabe a cada um na determinação do nosso próprio futuro?
Responda à questão acima distinguindo a perspectiva durkheimiana da perspectiva weberiana.

6. Partindo do vídeo, indique alguns temas que serão objecto de estudo em Sociologia.

  • Referências

DURKHEIM, Émile, (2004), As Regras do Método Sociológico, Editorial Presença, Barcarena.

WEBER, Max, (2000), Conceitos Sociológicos Fundamentais, Edições 70, Lisboa.

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Teste Diagnóstico Setembro 13, 2011

Posted by netodays in acção social, Aculturação, Ciências Sociais, Cultura, Estrutura social, Justificação, Legitimidade, Método científico, Obstáculos epistemológicos, representações, Socialização, Subcultura, Valores.
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A ilusão da facilidade é certamente o maior problema na aprendizagem da Sociologia.

“A Sociologia explica o que parece óbvio a pessoas que pensam que é simples, mas que não compreendem quão complicado é realmente”. RICHARD OSBORNE

Certamente a tua experiência de vida em Sociedade te permite responder a algumas questões.

1. Explicita o teu entendimento dos seguintes conceitos:
a) Cultura;
b) Socialização;
c) Sociedade;
d) Subcultura;
e) Aculturação;
f) Estrutura social;
g) Acção social;
h) Valores;
i) Legitimidade;
j) Justificação;
k) Representações sociais;
l) Obstáculos epistemológicos;
m) Ciências Sociais;
n) Método científico;
o) Sociologia.

2. Refere de que modo a “cultura” condiciona a tua percepção do Mundo, da sociedade e das acções dos indivíduos.

3. Distingue o olhar do senso comum da interpretação sociológica dos fenómenos sociais.

4. Apresenta uma definição de Sociologia.

5. O que faz um sociólogo? A que regras deve obedecer o seu trabalho?

Correcção do Teste

Representações sociais Agosto 26, 2011

Posted by netodays in acção social, Moscovici, representações.
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Frequentemente os estudantes se perguntam:
Porque sou burro em Matemática?

Segue-se uma “explicação” que desdramatiza o insucesso escolar: “90% dos estudantes que tiram negativa, atiram o barro à parede“.

Cada vez que conversamos, contamos anedotas, interagimos, utilizamos representações sociais. Não há tempo, nem paciência, nem necessidade, nem conhecimento para o debate científico, exceptuando alguns casos muito raros.

  • Diferença entre o Paraíso e o Inferno
    O Paraíso é aquele lugar onde o humor é britânico, os cozinheiros são franceses, os mecânicos são alemães, os amantes são portugueses e tudo é organizado pelos suíços.
    O Inferno é aquele lugar onde o humor é alemão, os cozinheiros são britânicos, os mecânicos são franceses, os amantes são suíços e tudo é organizado pelos portugueses…

A realidade acessível aos agentes resulta tanto da própria realidade quanto das representações sociais que têm da mesma. Estas podem ser definidas como modalidades de conhecimento prático, socialmente elaboradas e partilhadas. Constituem, simultaneamente, sistemas de interpretação e categorização do real e modelos ou guias de acção pelos quais os agentes se conduzem, dotando as suas acções de um sentido intentado.

Moscovici definiu representação social como:

  • Um sistema de valores, ideias e práticas que desempenham uma dupla função: primeiro, estabelecer uma ordem que irá permitir aos indivíduos orientarem-se eles próprios no seu mundo material e social e governá-lo; e em segundo proporcionar que a comunicação exista entre os membros de uma comunidade fornecendo-lhes um código para permuta social e um código para nomear e classificar claramente os vários aspectos do seu mundo e a sua história individual e do grupo.

Ler mais?

Max Weber 1864-1920 Agosto 24, 2011

Posted by netodays in acção social, burocracia, racionalização, sentido intentado, Weber.
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Segundo Weber, o capitalismo é um entre muitos factores do desenvolvimento social. O impacto da ciência e da burocracia, subjacente ao capitalismo, foi fundamental em certos aspectos. A ciência ajudou a moldar a tecnologia moderna e irá continuar a fazê-lo em qualquer sociedade futura. A burocracia é o único modo de organizar eficientemente um grande número de pessoas, e, assim, expande-se inevitavelmente com o crescimento económico e político. O desenvolvimento da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia foi colectivamente descrito por Weber como racionalização – a organização da vida económica e social segundo princípios de eficiência tomando por base o conhecimento técnico.

Do ponto de vista weberiano a acção social, passada, presente ou futura, não se orienta de modo mecânico ou reactivo, mas de modo significativo segundo os comportamentos esperados dos outros, sejam estes indivíduos ou grupos. Estando referida ao comportamento dos outros, por ele se orienta prosseguindo determinado sentido intentado.

Nasceu em Erfut (1864), de uma família enraizada no mundo da cultura e da política. Seu pai, formado em direito e proveniente de uma família da indústria têxtil de Westfalia, foi stadtrat de Berlim, deputado nacional-liberal no parlamento prussiano primeiro, no Reichtag depois. Sua mãe, culta e piedosa votou interesse aos problemas sociais. Por casa dos pais em Berlim passaram importantes figuras intelectuais e políticas do tempo entre os quais Dilthey e Mommsen.

Estudou direito em Berlim, Heidelberg e Gottingen. Em 1887, entrou a fazer parte do Vrerein fur Sozialpolitik, associação de universitários das ciências sociais, dominada pelos “socialistas de cátedra”, para quem realizará uma pesquisa sobre os camponeses na Prússia oriental (1890). Doutorou-se em Berlim (1889) com uma tese sobre a história económica medieval e conseguiu a habilitação como privatdozent (1891) com um trabalho de história agrária romana. Ensina história económica em Berlim, até que se transfere para a Universidade de Friburgo (1894), e dois anos depois, para a de Heidelberg, onde se fixará, ensinando economia política.

Começou também a desenvolver actividade política na União Social Evangélica de pastor F. Naumann (1890), e no ano seguinte chegou até a candidatar-se ao lugar de presidente da Câmara de Bremen, mas sem êxito. Aderiu à Liga Pan-Germanista (1893). Mas em breve abandonará tanto os cristãos sociais como os pan-germanistas, para se aproximar dos socialistas, cujo convite para ser candidato às eleições do Sarrebruck em 1899 em todo o caso rejeitou.

Obrigado, por razões de saúde, a suspender em 1897 a sua actividade docente e universitária, viaja e estuda durante alguns anos. Regressa a Heidelberg (1902), e aparece como fundador e director da famosa revista Archiv fur Sozialwissenchaft und Sozialpolitik (1903); onde publica os primeiros escritos sociológicos, designadamente o ensaio sobre A objectividade nas ciências sociais e os dois capítulos da Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.

Os anos que precedem a guerra foram de profunda actividade intelectual, em que começou a redigir Economia e Sociedade, em que publicou importantes ensaios metodológicos e redigiu volumosas obras sobre as religiões mundiais.

A partir de 1916 desenvolve esforços no sentido da preparação do pós-guerra. Como membro do Comité para a Europa Central do pastor Naumann, faz deslocações a Viena e Budapeste, na procura da criação de um mercado central europeu. Preconiza a parlamentarização do regime, a reforma eleitoral, exige a abdicação do Kaiser, mas opõe-se à “paz a qualquer preço”. Aceita participar na elaboração da Constituição de Weimar, adere ao Partido Democrático Alemão, mas recusando convites tanto para o governo, como para o parlamento e para a diplomacia. Em 1919 pronuncia-se contra a dívida de guerra e contra o Tratado de Versailles.

Regressou ao ensino na Universidade de Munique (1918), onde dá um curso de História Económica Geral (publicado postumamente) e onde profere duas importantes conferências sobre O político como vocação e a Ciência como vocação.

Morre em 1920, com algumas obras por publicar.

Citações
“A história ensina-nos que o homem não teria alcançado o possível se, muitas vezes, não tivesse tentado o impossível.”

Principais obras
– Contribuição para a história das organizações comerciais medievais (1889);
– História agrária romana e seu significado para o direito público e privado (1891);
– O Estado Nacional e a Economia Política (lição inaugural da Universidade de Friburgo)(1895);
– A objectividade do conhecimento nas ciências e na política sociais (1904);
– Estudos críticos para servir à lógica das ciências da cultura (1906);
– Ensaio sobre algumas categorias da sociologia compreensiva (1912);
– A ética económica das religiões universais (1915);
– O induismo e o budismo (1916);
– O judaísmo antigo (1917);
– Parlamento e Governo no novo ordenamento da Alemanha (1917);
– O político e o cientista (1918);
– Ensaio sobre a neutralidade axiológica nas ciências sociais e económicas (1918);
– História económica geral (1924);
– Economia e Sociedade (1919-1922).

Referências
CRUZ, M. Braga, (2001:581-582), Teorias Sociológicas – Os Fundadores e os Clássicos (Antologia de Textos), Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
GIDDENS, Anthony, (2000:29), Sociologia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/max-weber