jump to navigation

Amanhã temos de chegar a horas à aula de Chinês! Abril 22, 2009

Posted by netodays in avaliação de desempenho, Gama Barros.
1 comment so far


Estamos numa fase difícil. Durante o primeiro e segundo períodos sempre se realizaram lanches à quarta-feira na minha escola, que fomentavam o convívio e mostravam a união na luta contra o modelo de avaliação. Estes lanches deixaram de se realizar neste período por falta de “clima”, visto que uns simpáticos resolveram tirar proveito da confusão para simular que estão a ser avaliados. Imaginem a disposição para o convívio que me deu ouvir um aluno a dirigir-se para os colegas com este aviso:

– Amanhã temos de chegar a horas à aula de Chinês(1), porque vêm assistir à aula da professora aqueles doutores!

Creio que os lanches das quartas-feiras são um barómetro seguro do estado da alma dos professores, porque a observação não poderia ser mais directa, nem o “tema” ser mais abrangente.

Ensinou-me a Sociologia a ser comedido nos comentários, para evitar conclusões precipitadas. Os blogues “especialistas em educação” afinam pelo diapasão da desmobilização, mas creio que estão a precipitar-se. Na minha opinião estão a fazer um compasso de espera, observando o que este simplex dá, porque no início do próprio ano ninguém aguentará novamente o modelo do DR 2/2008 com todos os itens.

A avaliação que está ser feita é uma farsa, que pode ser ensaiada para duas ou três aulas, que não são representativas das restantes. Quando o aluno se referiu à “aula da professora” enfatizou bem que se tratava de uma palhaçada! O avaliador vai simplesmente observar a reacção à sua presença, e tomará o espectáculo como aulas representativas de Chinês!

O mínimo exigível seria que os avaliadores conhecessem as armadilhas da observação participante! Mas isso seria se a observação directa fosse utilizada como técnica do método científico… Aqui encontra-se reduzida a componente de um processo administrativo, e naturalmente que não é suposto que os agentes conheçam as técnicas de investigação sociológica. Para quem é, bacalhau basta.


(1) Mudei o nome da disciplina para não identificar o/a colega.

Professores desportistas Março 5, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


Até aqui na minha escola tinha-se vivido um clima de tranquilidade, porque apesar das diatribes da Milu, sempre foi política do Conselho Executivo esperar para ver os problemas que a avaliação de desempenho está a levantar nas outras escolas, sem pressas, privilegiando a segurança. Têm acompanhado as reuniões dos Conselhos Executivos, e sabendo o que se passa nas outras escolas também têm mais referências para prosseguirem o seu caminho sem hesitações nem precipitações. Porém o ME impôs às escolas um impresso onde basta colocar uma cruz para solicitar aulas assistidas. Não interessa que a escola não tenha avançado nada em termos de avaliação do desempenho, não interessa que os professores nada tenham investido no seu processo de avaliação, não lhes é exigido nenhum portefólio, basta que coloquem uma X na respectiva quadrícula, e os avaliadores que se desenrasquem. Senti-me constrangido a escrever o post porque considero eticamente condenável estes colegas esquecerem os compromissos que tinham assumido por escrito, e tentarem aproveitar o desarme dos honestos precisamente para os ultrapassar. Espero que compreendam que este post não foi escrito contra ninguém em particular, apenas utilizo a escrita para libertar a minha mente de assuntos que me fazem passar. Uma vantagem de colocar os pensamentos por escrito está na arrumação das ideias, libertando-me para poder pensar naquilo que realmente me interessa. Escrevi no exercício do meu direito de expressão da opinião, como cidadão livre.

Chamo-lhes desportistas porque encaram o exercício da actividade docente desportivamente. Os desportos têm um carácter eminentemente lúdico, assumindo uma posição secundária relativamente à actividade principal para a generalidade das pessoas. Só os atletas profissionais são escravos do desporto, a maralha treina quando lhe apetece.

O que caracteriza fundamentalmente os professores desportistas é o seu descompromisso com a actividade. Podem estar a dar aulas este ano, mas isso não significa que continuem a leccionar no ano seguinte. Por exemplo, podem ir gerir um Hotel em Cabo Verde ou ficar aqui pela zona a vender apartamentos. O importante é que não se sentindo vinculados a longo prazo com a docência são incapazes de desenvolver um investimento que exija dispêndio de esforço durante um período de tempo relativamente prolongado, mas sentem-se livres para aproveitar qualquer janela de oportunidade.

Imagino que se verificasse o registo biográfico de um professor desportista, a sua assiduidade não seria exemplar, pois será conduzido pela lógica de respeitar os limites legais para o exercício da actividade. Esta lógica transpõe-se facilmente para acções de formação até obter os créditos suficientes para a mudança de escalão, baldando-se a umas sessões e chegando atrasado ou saindo mais cedo de outras, entre outras estratégias de desinvestimento. A procura de um maior nível de escolaridade na sua área disciplinar seria obviamente considerada uma perda de tempo pelos desportistas.

Os desportistas são bons conhecedores de bares, restaurantes, discotecas, cinemas e teatros. Têm boa cultura nestas áreas, mas pensam que a Contabilidade é Microeconomia! Falta-lhes paixão para estudarem Economia de modo a compreenderem como esta se organiza, e nunca conheceram nem irão conhecer nenhum autor de Micro, apesar de estarem no Grupo de Economia!

Imagino que todos os desportistas terão subscrito a moção a solicitar a suspensão do processo de avaliação, porque 175 dos 184 professores assinaram-no de livre vontade, significando estes números que alguns que porventura nem tenham ido à escola naquele dia perderam a oportunidade de manifestar a sua discordância. Todos os professores têm motivos fortes para discordar do modelo de avaliação. Os desportistas certamente preferiam um modelo mais light e não terão tido a menor dúvida.

A escola realizou uma assembleia-geral para os professores discutirem a avaliação e se possível, tomarem posições concertadas a nível de escola, quanto à não entrega dos Objectivos Individuais. Tive oportunidade de perceber a aflição dos professores contratados, mas evidentemente que não se ouviu nenhuma voz dos desportistas, porque estes não têm qualquer convicção.

Apreciei a coragem dos professores contratados que numa reunião autónoma discutiram a sua situação e concluíram que seria inaceitável qualquer forma de pactuar com o modelo de avaliação proposto.

Os desportistas são como os abutres. Podem aparecer no fim, dispostos a comer o que restar. Já sabem que têm de estar preparados para o falhanço do golpe porque a lógica “danoninho” já lhes foi explicada na reunião geral:

  • Olha coleguinha, a tua aula foi MUITO BOA, mas faltou-te “um bocadinho assim” para chegares ao meu nível… e como eu só vou ter BOM, desculpa lá mas não podes ter melhor!

Uma das desportistas disse-me que não faria sentido nenhum não atribuir um 20 a Economia a um aluno só porque tive um 12 quando fui estudante! Recordaria a esta desportista “inteligente” que os meus alunos estão suficientemente distantes de mim para nunca virem a concorrer directamente comigo, o que me permite ser independente. Já os desportistas em muitos casos poderão vir a concorrer directamente com os seus avaliadores. Capito?

Outra coisa que será verdade para os desportistas: ganhar ou perder tudo é desporto. Como nunca investiram seriamente na profissão, mas estão apenas a aproveitar um buraco aberto no meio da bandalheira, a não obtenção do Excelente ou do Muito Bom nunca significará para si qualquer humilhação. Seja qual for o resultado ficarão tranquilos, porque tentaram a sua chance.

Professores desportistas Março 5, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


Até aqui na minha escola tinha-se vivido um clima de tranquilidade, porque apesar das diatribes da Milu, sempre foi política do Conselho Executivo esperar para ver os problemas que a avaliação de desempenho está a levantar nas outras escolas, sem pressas, privilegiando a segurança. Têm acompanhado as reuniões dos Conselhos Executivos, e sabendo o que se passa nas outras escolas também têm mais referências para prosseguirem o seu caminho sem hesitações nem precipitações. Porém o ME impôs às escolas um impresso onde basta colocar uma cruz para solicitar aulas assistidas. Não interessa que a escola não tenha avançado nada em termos de avaliação do desempenho, não interessa que os professores nada tenham investido no seu processo de avaliação, não lhes é exigido nenhum portefólio, basta que coloquem uma X na respectiva quadrícula, e os avaliadores que se desenrasquem. Senti-me constrangido a escrever o post porque considero eticamente condenável estes colegas esquecerem os compromissos que tinham assumido por escrito, e tentarem aproveitar o desarme dos honestos precisamente para os ultrapassar. Espero que compreendam que este post não foi escrito contra ninguém em particular, apenas utilizo a escrita para libertar a minha mente de assuntos que me fazem passar. Uma vantagem de colocar os pensamentos por escrito está na arrumação das ideias, libertando-me para poder pensar naquilo que realmente me interessa. Escrevi no exercício do meu direito de expressão da opinião, como cidadão livre.

Chamo-lhes desportistas porque encaram o exercício da actividade docente desportivamente. Os desportos têm um carácter eminentemente lúdico, assumindo uma posição secundária relativamente à actividade principal para a generalidade das pessoas. Só os atletas profissionais são escravos do desporto, a maralha treina quando lhe apetece.

O que caracteriza fundamentalmente os professores desportistas é o seu descompromisso com a actividade. Podem estar a dar aulas este ano, mas isso não significa que continuem a leccionar no ano seguinte. Por exemplo, podem ir gerir um Hotel em Cabo Verde ou ficar aqui pela zona a vender apartamentos. O importante é que não se sentindo vinculados a longo prazo com a docência são incapazes de desenvolver um investimento que exija dispêndio de esforço durante um período de tempo relativamente prolongado, mas sentem-se livres para aproveitar qualquer janela de oportunidade.

Imagino que se verificasse o registo biográfico de um professor desportista, a sua assiduidade não seria exemplar, pois será conduzido pela lógica de respeitar os limites legais para o exercício da actividade. Esta lógica transpõe-se facilmente para acções de formação até obter os créditos suficientes para a mudança de escalão, baldando-se a umas sessões e chegando atrasado ou saindo mais cedo de outras, entre outras estratégias de desinvestimento. A procura de um maior nível de escolaridade na sua área disciplinar seria obviamente considerada uma perda de tempo pelos desportistas.

Os desportistas são bons conhecedores de bares, restaurantes, discotecas, cinemas e teatros. Têm boa cultura nestas áreas, mas pensam que a Contabilidade é Microeconomia! Falta-lhes paixão para estudarem Economia de modo a compreenderem como esta se organiza, e nunca conheceram nem irão conhecer nenhum autor de Micro, apesar de estarem no Grupo de Economia!

Imagino que todos os desportistas terão subscrito a moção a solicitar a suspensão do processo de avaliação, porque 175 dos 184 professores assinaram-no de livre vontade, significando estes números que alguns que porventura nem tenham ido à escola naquele dia perderam a oportunidade de manifestar a sua discordância. Todos os professores têm motivos fortes para discordar do modelo de avaliação. Os desportistas certamente preferiam um modelo mais light e não terão tido a menor dúvida.

A escola realizou uma assembleia-geral para os professores discutirem a avaliação e se possível, tomarem posições concertadas a nível de escola, quanto à não entrega dos Objectivos Individuais. Tive oportunidade de perceber a aflição dos professores contratados, mas evidentemente que não se ouviu nenhuma voz dos desportistas, porque estes não têm qualquer convicção.

Apreciei a coragem dos professores contratados que numa reunião autónoma discutiram a sua situação e concluíram que seria inaceitável qualquer forma de pactuar com o modelo de avaliação proposto.

Os desportistas são como os abutres. Podem aparecer no fim, dispostos a comer o que restar. Já sabem que têm de estar preparados para o falhanço do golpe porque a lógica “danoninho” já lhes foi explicada na reunião geral:

  • Olha coleguinha, a tua aula foi MUITO BOA, mas faltou-te “um bocadinho assim” para chegares ao meu nível… e como eu só vou ter BOM, desculpa lá mas não podes ter melhor!

Uma das desportistas disse-me que não faria sentido nenhum não atribuir um 20 a Economia a um aluno só porque tive um 12 quando fui estudante! Recordaria a esta desportista “inteligente” que os meus alunos estão suficientemente distantes de mim para nunca virem a concorrer directamente comigo, o que me permite ser independente. Já os desportistas em muitos casos poderão vir a concorrer directamente com os seus avaliadores. Capito?

Outra coisa que será verdade para os desportistas: ganhar ou perder tudo é desporto. Como nunca investiram seriamente na profissão, mas estão apenas a aproveitar um buraco aberto no meio da bandalheira, a não obtenção do Excelente ou do Muito Bom nunca significará para si qualquer humilhação. Seja qual for o resultado ficarão tranquilos, porque tentaram a sua chance.

Professores desportistas Março 5, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


Até aqui na minha escola tinha-se vivido um clima de tranquilidade, porque apesar das diatribes da Milu, sempre foi política do Conselho Executivo esperar para ver os problemas que a avaliação de desempenho está a levantar nas outras escolas, sem pressas, privilegiando a segurança. Têm acompanhado as reuniões dos Conselhos Executivos, e sabendo o que se passa nas outras escolas também têm mais referências para prosseguirem o seu caminho sem hesitações nem precipitações. Porém o ME impôs às escolas um impresso onde basta colocar uma cruz para solicitar aulas assistidas. Não interessa que a escola não tenha avançado nada em termos de avaliação do desempenho, não interessa que os professores nada tenham investido no seu processo de avaliação, não lhes é exigido nenhum portefólio, basta que coloquem uma X na respectiva quadrícula, e os avaliadores que se desenrasquem. Senti-me constrangido a escrever o post porque considero eticamente condenável estes colegas esquecerem os compromissos que tinham assumido por escrito, e tentarem aproveitar o desarme dos honestos precisamente para os ultrapassar. Espero que compreendam que este post não foi escrito contra ninguém em particular, apenas utilizo a escrita para libertar a minha mente de assuntos que me fazem passar. Uma vantagem de colocar os pensamentos por escrito está na arrumação das ideias, libertando-me para poder pensar naquilo que realmente me interessa. Escrevi no exercício do meu direito de expressão da opinião, como cidadão livre.

Chamo-lhes desportistas porque encaram o exercício da actividade docente desportivamente. Os desportos têm um carácter eminentemente lúdico, assumindo uma posição secundária relativamente à actividade principal para a generalidade das pessoas. Só os atletas profissionais são escravos do desporto, a maralha treina quando lhe apetece.

O que caracteriza fundamentalmente os professores desportistas é o seu descompromisso com a actividade. Podem estar a dar aulas este ano, mas isso não significa que continuem a leccionar no ano seguinte. Por exemplo, podem ir gerir um Hotel em Cabo Verde ou ficar aqui pela zona a vender apartamentos. O importante é que não se sentindo vinculados a longo prazo com a docência são incapazes de desenvolver um investimento que exija dispêndio de esforço durante um período de tempo relativamente prolongado, mas sentem-se livres para aproveitar qualquer janela de oportunidade.

Imagino que se verificasse o registo biográfico de um professor desportista, a sua assiduidade não seria exemplar, pois será conduzido pela lógica de respeitar os limites legais para o exercício da actividade. Esta lógica transpõe-se facilmente para acções de formação até obter os créditos suficientes para a mudança de escalão, baldando-se a umas sessões e chegando atrasado ou saindo mais cedo de outras, entre outras estratégias de desinvestimento. A procura de um maior nível de escolaridade na sua área disciplinar seria obviamente considerada uma perda de tempo pelos desportistas.

Os desportistas são bons conhecedores de bares, restaurantes, discotecas, cinemas e teatros. Têm boa cultura nestas áreas, mas pensam que a Contabilidade é Microeconomia! Falta-lhes paixão para estudarem Economia de modo a compreenderem como esta se organiza, e nunca conheceram nem irão conhecer nenhum autor de Micro, apesar de estarem no Grupo de Economia!

Imagino que todos os desportistas terão subscrito a moção a solicitar a suspensão do processo de avaliação, porque 175 dos 184 professores assinaram-no de livre vontade, significando estes números que alguns que porventura nem tenham ido à escola naquele dia perderam a oportunidade de manifestar a sua discordância. Todos os professores têm motivos fortes para discordar do modelo de avaliação. Os desportistas certamente preferiam um modelo mais light e não terão tido a menor dúvida.

A escola realizou uma assembleia-geral para os professores discutirem a avaliação e se possível, tomarem posições concertadas a nível de escola, quanto à não entrega dos Objectivos Individuais. Tive oportunidade de perceber a aflição dos professores contratados, mas evidentemente que não se ouviu nenhuma voz dos desportistas, porque estes não têm qualquer convicção.

Apreciei a coragem dos professores contratados que numa reunião autónoma discutiram a sua situação e concluíram que seria inaceitável qualquer forma de pactuar com o modelo de avaliação proposto.

Os desportistas são como os abutres. Podem aparecer no fim, dispostos a comer o que restar. Já sabem que têm de estar preparados para o falhanço do golpe porque a lógica “danoninho” já lhes foi explicada na reunião geral:

  • Olha coleguinha, a tua aula foi MUITO BOA, mas faltou-te “um bocadinho assim” para chegares ao meu nível… e como eu só vou ter BOM, desculpa lá mas não podes ter melhor!

Uma das desportistas disse-me que não faria sentido nenhum não atribuir um 20 a Economia a um aluno só porque tive um 12 quando fui estudante! Recordaria a esta desportista “inteligente” que os meus alunos estão suficientemente distantes de mim para nunca virem a concorrer directamente comigo, o que me permite ser independente. Já os desportistas em muitos casos poderão vir a concorrer directamente com os seus avaliadores. Capito?

Outra coisa que será verdade para os desportistas: ganhar ou perder tudo é desporto. Como nunca investiram seriamente na profissão, mas estão apenas a aproveitar um buraco aberto no meio da bandalheira, a não obtenção do Excelente ou do Muito Bom nunca significará para si qualquer humilhação. Seja qual for o resultado ficarão tranquilos, porque tentaram a sua chance.

Professores desportistas Março 5, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


Até aqui na minha escola tinha-se vivido um clima de tranquilidade, porque apesar das diatribes da Milu, sempre foi política do Conselho Executivo esperar para ver os problemas que a avaliação de desempenho está a levantar nas outras escolas, sem pressas, privilegiando a segurança. Têm acompanhado as reuniões dos Conselhos Executivos, e sabendo o que se passa nas outras escolas também têm mais referências para prosseguirem o seu caminho sem hesitações nem precipitações. Porém o ME impôs às escolas um impresso onde basta colocar uma cruz para solicitar aulas assistidas. Não interessa que a escola não tenha avançado nada em termos de avaliação do desempenho, não interessa que os professores nada tenham investido no seu processo de avaliação, não lhes é exigido nenhum portefólio, basta que coloquem uma X na respectiva quadrícula, e os avaliadores que se desenrasquem. Senti-me constrangido a escrever o post porque considero eticamente condenável estes colegas esquecerem os compromissos que tinham assumido por escrito, e tentarem aproveitar o desarme dos honestos precisamente para os ultrapassar. Espero que compreendam que este post não foi escrito contra ninguém em particular, apenas utilizo a escrita para libertar a minha mente de assuntos que me fazem passar. Uma vantagem de colocar os pensamentos por escrito está na arrumação das ideias, libertando-me para poder pensar naquilo que realmente me interessa. Escrevi no exercício do meu direito de expressão da opinião, como cidadão livre.

Chamo-lhes desportistas porque encaram o exercício da actividade docente desportivamente. Os desportos têm um carácter eminentemente lúdico, assumindo uma posição secundária relativamente à actividade principal para a generalidade das pessoas. Só os atletas profissionais são escravos do desporto, a maralha treina quando lhe apetece.

O que caracteriza fundamentalmente os professores desportistas é o seu descompromisso com a actividade. Podem estar a dar aulas este ano, mas isso não significa que continuem a leccionar no ano seguinte. Por exemplo, podem ir gerir um Hotel em Cabo Verde ou ficar aqui pela zona a vender apartamentos. O importante é que não se sentindo vinculados a longo prazo com a docência são incapazes de desenvolver um investimento que exija dispêndio de esforço durante um período de tempo relativamente prolongado, mas sentem-se livres para aproveitar qualquer janela de oportunidade.

Imagino que se verificasse o registo biográfico de um professor desportista, a sua assiduidade não seria exemplar, pois será conduzido pela lógica de respeitar os limites legais para o exercício da actividade. Esta lógica transpõe-se facilmente para acções de formação até obter os créditos suficientes para a mudança de escalão, baldando-se a umas sessões e chegando atrasado ou saindo mais cedo de outras, entre outras estratégias de desinvestimento. A procura de um maior nível de escolaridade na sua área disciplinar seria obviamente considerada uma perda de tempo pelos desportistas.

Os desportistas são bons conhecedores de bares, restaurantes, discotecas, cinemas e teatros. Têm boa cultura nestas áreas, mas pensam que a Contabilidade é Microeconomia! Falta-lhes paixão para estudarem Economia de modo a compreenderem como esta se organiza, e nunca conheceram nem irão conhecer nenhum autor de Micro, apesar de estarem no Grupo de Economia!

Imagino que todos os desportistas terão subscrito a moção a solicitar a suspensão do processo de avaliação, porque 175 dos 184 professores assinaram-no de livre vontade, significando estes números que alguns que porventura nem tenham ido à escola naquele dia perderam a oportunidade de manifestar a sua discordância. Todos os professores têm motivos fortes para discordar do modelo de avaliação. Os desportistas certamente preferiam um modelo mais light e não terão tido a menor dúvida.

A escola realizou uma assembleia-geral para os professores discutirem a avaliação e se possível, tomarem posições concertadas a nível de escola, quanto à não entrega dos Objectivos Individuais. Tive oportunidade de perceber a aflição dos professores contratados, mas evidentemente que não se ouviu nenhuma voz dos desportistas, porque estes não têm qualquer convicção.

Apreciei a coragem dos professores contratados que numa reunião autónoma discutiram a sua situação e concluíram que seria inaceitável qualquer forma de pactuar com o modelo de avaliação proposto.

Os desportistas são como os abutres. Podem aparecer no fim, dispostos a comer o que restar. Já sabem que têm de estar preparados para o falhanço do golpe porque a lógica “danoninho” já lhes foi explicada na reunião geral:

  • Olha coleguinha, a tua aula foi MUITO BOA, mas faltou-te “um bocadinho assim” para chegares ao meu nível… e como eu só vou ter BOM, desculpa lá mas não podes ter melhor!

Uma das desportistas disse-me que não faria sentido nenhum não atribuir um 20 a Economia a um aluno só porque tive um 12 quando fui estudante! Recordaria a esta desportista “inteligente” que os meus alunos estão suficientemente distantes de mim para nunca virem a concorrer directamente comigo, o que me permite ser independente. Já os desportistas em muitos casos poderão vir a concorrer directamente com os seus avaliadores. Capito?

Outra coisa que será verdade para os desportistas: ganhar ou perder tudo é desporto. Como nunca investiram seriamente na profissão, mas estão apenas a aproveitar um buraco aberto no meio da bandalheira, a não obtenção do Excelente ou do Muito Bom nunca significará para si qualquer humilhação. Seja qual for o resultado ficarão tranquilos, porque tentaram a sua chance.

Professores da Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados Fevereiro 10, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


A escola sente a cise e tenta fazer o que pode.

  • Os professores da Escola Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados da cidade Agualva-Cacém num momento em que circula na escola uma recolha de doacções para apoiar uma aluna em dificuldades económicas.

    “Existem situações difíceis em algumas famílias e temos um fundo de emergência para ajudar, feito através de donativos, a maior parte de professores que são extremamente solidários, para acudir essas famílias”, disse à agência Lusa, o professor Adérito Cunha.

    Os “três D´s” (divórcio, doença e desemprego= potenciam, segundo o professor, as situações difíceis que algumas famílias de alunos da Gama Barros enfrentam em 2009.

    “Estes três factores são uma mistura explosiva e são insustentáveis para as famílias”, garantiu Adérito Cunha, acrescentando que, do total de 1500 estudantes da escola, um terço já recebe apoio do Serviço de Acção Social Escolar (SASE).

    Segundo o professor, tem havido um aumento gradual de alunos a solicitar refeições na escola, o que demonstra a debilidade financeira das famílias.

    “Uma directora de turma colocou-me um problema muito difícil: uma aluna estava a faltar e a directora já tinha desenvolvido todos os mecanismos para ela vir à escola” mas veio-se a saber que “era porque não tinha roupa“, disse.
    JORNAL DE NOTÍCIAS, 10 / FEV / 2009
    Ler mais

Links relacionados

Professores da Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados Fevereiro 10, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


A escola sente a cise e tenta fazer o que pode.

  • Os professores da Escola Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados da cidade Agualva-Cacém num momento em que circula na escola uma recolha de doacções para apoiar uma aluna em dificuldades económicas.

    “Existem situações difíceis em algumas famílias e temos um fundo de emergência para ajudar, feito através de donativos, a maior parte de professores que são extremamente solidários, para acudir essas famílias”, disse à agência Lusa, o professor Adérito Cunha.

    Os “três D´s” (divórcio, doença e desemprego= potenciam, segundo o professor, as situações difíceis que algumas famílias de alunos da Gama Barros enfrentam em 2009.

    “Estes três factores são uma mistura explosiva e são insustentáveis para as famílias”, garantiu Adérito Cunha, acrescentando que, do total de 1500 estudantes da escola, um terço já recebe apoio do Serviço de Acção Social Escolar (SASE).

    Segundo o professor, tem havido um aumento gradual de alunos a solicitar refeições na escola, o que demonstra a debilidade financeira das famílias.

    “Uma directora de turma colocou-me um problema muito difícil: uma aluna estava a faltar e a directora já tinha desenvolvido todos os mecanismos para ela vir à escola” mas veio-se a saber que “era porque não tinha roupa“, disse.
    JORNAL DE NOTÍCIAS, 10 / FEV / 2009
    Ler mais

Links relacionados

Professores da Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados Fevereiro 10, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


A escola sente a cise e tenta fazer o que pode.

  • Os professores da Escola Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados da cidade Agualva-Cacém num momento em que circula na escola uma recolha de doacções para apoiar uma aluna em dificuldades económicas.

    “Existem situações difíceis em algumas famílias e temos um fundo de emergência para ajudar, feito através de donativos, a maior parte de professores que são extremamente solidários, para acudir essas famílias”, disse à agência Lusa, o professor Adérito Cunha.

    Os “três D´s” (divórcio, doença e desemprego= potenciam, segundo o professor, as situações difíceis que algumas famílias de alunos da Gama Barros enfrentam em 2009.

    “Estes três factores são uma mistura explosiva e são insustentáveis para as famílias”, garantiu Adérito Cunha, acrescentando que, do total de 1500 estudantes da escola, um terço já recebe apoio do Serviço de Acção Social Escolar (SASE).

    Segundo o professor, tem havido um aumento gradual de alunos a solicitar refeições na escola, o que demonstra a debilidade financeira das famílias.

    “Uma directora de turma colocou-me um problema muito difícil: uma aluna estava a faltar e a directora já tinha desenvolvido todos os mecanismos para ela vir à escola” mas veio-se a saber que “era porque não tinha roupa“, disse.
    JORNAL DE NOTÍCIAS, 10 / FEV / 2009
    Ler mais

Links relacionados

Professores da Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados Fevereiro 10, 2009

Posted by netodays in Gama Barros.
add a comment


A escola sente a cise e tenta fazer o que pode.

  • Os professores da Escola Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados da cidade Agualva-Cacém num momento em que circula na escola uma recolha de doacções para apoiar uma aluna em dificuldades económicas.

    “Existem situações difíceis em algumas famílias e temos um fundo de emergência para ajudar, feito através de donativos, a maior parte de professores que são extremamente solidários, para acudir essas famílias”, disse à agência Lusa, o professor Adérito Cunha.

    Os “três D´s” (divórcio, doença e desemprego= potenciam, segundo o professor, as situações difíceis que algumas famílias de alunos da Gama Barros enfrentam em 2009.

    “Estes três factores são uma mistura explosiva e são insustentáveis para as famílias”, garantiu Adérito Cunha, acrescentando que, do total de 1500 estudantes da escola, um terço já recebe apoio do Serviço de Acção Social Escolar (SASE).

    Segundo o professor, tem havido um aumento gradual de alunos a solicitar refeições na escola, o que demonstra a debilidade financeira das famílias.

    “Uma directora de turma colocou-me um problema muito difícil: uma aluna estava a faltar e a directora já tinha desenvolvido todos os mecanismos para ela vir à escola” mas veio-se a saber que “era porque não tinha roupa“, disse.
    JORNAL DE NOTÍCIAS, 10 / FEV / 2009
    Ler mais

Links relacionados

Yes, we can! Janeiro 19, 2009

Posted by netodays in avaliação de desempenho, Gama Barros, Socratelândia.
add a comment

Update
Hoje, registou-se uma adesão à Greve de 90% na minha escola.