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Que países penalizam mais os jovens oriundos de famílias com menos formação escolar? Setembro 13, 2012

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Portugal e a Turquia são os países onde a reduzida formação escolar dos pais mais facilmente se traduz numa maior probabilidade de não conclusão do ensino secundário e no não ingresso no ensino superior.

Fonte: Education at a Glance: OECD Indicators 2012 – Portugal

Questões:

1. O que podes fazer? Tens algum método? Explica como estudas.

2. Consideras que a escola onde estudas interfere na promoção do sucesso individual dos estudantes? Como? Explica.

Inquérito aos alunos da Universidade de Lisboa mostra que a selectividade social no ingresso faz-se sentir mais em certos cursos, como Medicina e Belas-Artes Maio 24, 2012

Posted by netodays in Escola, exclusão social, Reprodução social.
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Apesar da democratização do ensino superior nos últimos anos, o acesso à faculdade continua a estar condicionado por factores extra-escolares, como as habilitações académicas, os rendimentos e a ocupação dos pais. Esta foi uma das conclusões a que chegaram Ana Nunes de Almeida e Maria Manuel Vieira, a partir de um estudo sobre o retrato social dos estudantes inscritos no 1.º ano de cada um dos cursos das sete faculdades da Universidade de Lisboa (UL), em 2003/2004. A tal ponto que é mesmo possível afirmar-se que “os mecanismos de reprodução de posições de privilégio ou desfavor entre gerações funcionam implacavelmente no sistema de ensino português“.

O facto de os pais com níveis de escolaridade mais elevados estarem sobre-representados entre os mais de dois mil inquiridos da Universidade de Lisboa é apenas uma das expressões da “desigualdade de oportunidades no acesso dos jovens aos níveis mais elevados do sistema educativo”. Por exemplo, se 62,5 por cento de toda a população portuguesa entre os 40 e os 60 anos tinha no ano do estudo a 4.ª classe como habilitação máxima, entre os pais dos alunos da UL essa percentagem fica-se pelos 21 por cento.

No extremo oposto, encontram-se os 33 por cento de progenitores com um curso superior, contra uma média inferior a dez por cento no conjunto do país. Sendo que esta selectividade social se faz sentir de forma mais acentuada em determinados faculdades, como Medicina (quase metade dos pais são licenciados), Medicina Dentária, Farmácia ou Belas-Artes. A estes cursos chegam os alunos com notas mais elevadas. E o estudo mostra novamente haver uma sobre-representação das famílias com rendimentos superiores nos alunos com melhores classificações.

Os dados sugerem um “cenário de cumplicidade entre certas franjas sociais e certas faculdades”. Por exemplo, apenas 4,6 por cento dos alunos de Medicina são oriundos de famílias com um rendimento per capita inferior a 250 euros mensais, contra 8,4 por cento na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação.

A ocupação profissional dos progenitores é outra variável determinante. Em 2003/2004, dois terços dos novos alunos eram oriundos de “agregados familiares detentores de elevados recursos técnico-profissionais”. Os filhos de “operários e artífices” e de “trabalhadores não qualificados” representavam 17 por cento. Estudos anteriores demonstraram que esta proporção se agrava ao longo da faculdade, com as classes mais elevadas a ganharem peso entre os que concluem o curso e as restantes a diminuírem”.

Fonte: PÚBLICO, 15.03.2007

Reprodução e mudança social Abril 2, 2012

Posted by netodays in Boudieu, mobilidade social, Mudança social, Passeron, Reprodução social.
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Reprodução social consiste no facto de qualquer sociedade, sentir a necessidade imperiosa de regenerar os indivíduos constantemente. Por extensão, sociologicamente, a reprodução social refere-se ao fenómeno sociológico de imobilidade social intergeracional. Isto é, as famílias tendencialmente mantém o seu status social de uma geração para outra através da transmissão de um património, tangível ou intangível. Isso reflete-se estatisticamente pelo facto de que o filho de um trabalhador indiferenciado hoje, muito mais provavelmente se tornar trabalhador indiferenciado amanhã que deixar a sua classe. Até mesmo um filho de quadro tenderá a tornar-se outro quadro, sendo particularmente difícil descer ou subir de estrato social (mobilidade social descendente ou ascendente).

Num estudo sobre mobilidade ocupacional em 11 países, o Observatório da Situação Social, concluiu que o efeito ocupação dos pais sobre uma ocupação de direcção ou profissional é mais acentuado em Portugal e na Hungria. Em Portugal, alguém cujo pai desempenhe uma ocupação de direcção ou profissional tem 15 vezes maior probabilidade de atingir esses empregos que outro colega cujo pai seja um operário qualificado ou não qualificado.

Na Hungria, Chipre e Bulgária este ratio também se encontra acima de 10. Em contraste, na Finlândia e Letónia, o ratio é apenas de 4.

Giddens (2000) define reprodução social como os processos que sustentam e perpetuam as características da estrutura social ao longo do tempo.

Este imobilismo na estrutura social das sociedades capitalistas, mostra que o resultado da actividade da Escola pública não produz os efeitos para que foi criada desde os ideais iluministas no séc. XVIII. A denúncia desta situação pela Sociologia atribui-se à obra de Pierre BORDIEU e Jean-Claude PASSERON, em A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino (1970).

Apresentamos brevemente a obra tomando como base a entrevista de Boudieu abaixo:

O pai rico pode dar dinheiro ao seu filho para ele criar uma nova empresa. Se ele cursar uma escola medíocre, se fracassar tudo, até a escola comercial, como os filhinhos do papai fazem hoje, o pai pode dar-lhe dinheiro e ele recomeça… tem de se reproduzir, não se tornará operário! (04:10)

Hoje há outra forma de capital, o capital cultural. É difícil de definir, mas em primeiro lugar temos o domínio da língua. Todos falam francês, até os imigrantes que chegaram há um ano falam francês, mas esse francês não tem mérito escolar, aí você vai tirar zero. Tudo o que vem com isso, tudo o que adquire ouvindo o pai contar estórias, lendo livros, mesmo os de criança, tudo isso é capital cultural, que está desigualmente repartido. Se todos falassem francês sem sotaque ninguém teria mérito. (04:50)

As crianças da classe média sabem direitinho dar à professora o que ela quer. Sabem porque são oriundos do mesmo meio, a mãe faz o mesmo. Então eles ficam bem vistos, têm boas notas, ficam contentes, etc. (06:02)

Há pré-saberes escolares importantes: como se comportar, como chegar, como agir, cuidar do caderno, etc. (06:37)

Docilis” significa que se deixa instruir. Por exemplo a diferença de êxito entre rapazes e raparigas acontece porque elas têm mais docilidade. Não é que seja da natureza das raparigas, é porque são criadas assim e estão prontas para dar à escola o que esta lhe pede. (07:00)

TEXTO

Embora se fale da democratização do acesso e se diga que as portas da universidade estão abertas a todos, um inquérito revela que continuam a ser os filhos das classes “melhor providas de recursos” os que têm mais facilidade em entrar e escolher as licenciaturas com melhores saídas profissionais, como Ciências Médicas. (…) De uma maneira geral, o recrutamento dos alunos concentra-se nas classes com maiores recursos e mais influência. Paralelamente, verifica-se um menor acesso dos filhos de famílias com menos recursos. Os investigadores construíram um “índice de recrutamento escolar” onde jogam com dois factores: a família de origem e a população nacional. Concluíram que os indivíduos oriundos das famílias que não ultrapassam o 1º ciclo do básico “têm nove a 20 vezes menos probabilidades de aceder à universidade do que os que são provenientes de grupos domésticos que atingiram o mais alto nível de escolaridade”. No cenário do ensino superior português, os filhos de pais com o secundário ou um curso superior estão portanto sobrerepresentados, porque têm mais hipóteses de aceder à universidade.
Fonte: PÚBLICO, Filhos das “Elites” Têm Maiores Probabilidades de Entrar para Cursos com Boas Saídas, por BÁRBARA WONG, Sexta-feira, 29 de Março de 2002

Guy Rocher define a mudança social como toda a transformação observável no tempo, que afecta, de maneira que não seja provisória ou efémera a estrutura ou o funcionamento da organização social de uma colectividade e modifica o curso de sua história. É a mudança de estrutura resultante da acção histórica de certos factores ou de certos grupos no seio de dada colectividade (in Lakatos, 1995, p. 283).

Quanto às características essenciais da mudança aponta os seguintes aspectos:

a) Fenómeno colectivo. Abrange um sector significativo de uma colectividade, afectando as condições ou as formas de vida dos seus elementos.

b) Mudança de estrutura. É necessário identificar elementos estruturais ou culturais da organização social que sofreram alterações.

c) Identificação no tempo. É preciso identificar um ponto de referência a partir do qual o conjunto de transformações possa ser localizado no tempo.

d) Permanência. As transformações observadas e analisadas, devem ter um certo carácter de durabilidade, não devem ser passageiras nem superficiais.

e) Interferência no curso da história de uma sociedade. Decorrente das características anteriores.

f) Acção histórica. Tanto a organização social como a mudança são produtos das actividades dos componentes de uma sociedade, que operam no sentido de originar, acentuar, diminuir ou impedir as modificações de partes ou da totalidade da organização social.


1. Com base no texto apresentado, refere a importância do capital cultural e da riqueza na reprodução social.

2. Tendo presentes as características da mudança social, analisa a possibilidade de a banalização das TIC estar a provocar uma mudança social na sociedade portuguesa.

3. Do teu ponto te vista, como estudante, a mudança que referiste em 2. abre-te mais possibilidades mobilidade ascendente ou cristaliza ainda mais o processo de reprodução social. Justifica.

4.

Indica cinco aspectos que consideres importantes na mudança que se registou em Portugal nas últimas décadas.

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